Os monges guerreiros e os piratas Wukou

Posted by | novembro 09, 2016 | História do Kung Fu | No Comments

Enquanto o famoso Templo Shaolin se tornou renomado por seus monges guerreiros, foi durante o período Ming que o templo estabeleceu a sua reputação de bastiões do estudo marcial. Ironicamente, os monges guerreiros que ajudaram o Templo Shaolin a ganhar esta reputação não se pareciam em nada com as suas contrapartes. Eles eram primeiramente bem mais soldados do que monges. Não possuíam medo de tomar vidas e soltavam gritos de guerra ao invés de entoar ritos. Eles também enrolavam suas cabeças em roupas vermelhas e pintavam seus rostos com tinta índigo (em imitação do Jian Zhai Pu Sha, não de fantasmas) para aterrorizar seus inimigos.
Seção de um pergaminho da dinastia Ming mostrando o corredor Hexi de cabelos vermelhos e pele azul Zhai Pu Sha, também conhecido como Da Shu Jin Na Luo Wang Pu Sha, ou Druma Kinnara Raja Bodhisattva. Embora normalmente associado com música, Da Shu Jin Na Luo Wang Pu Sha foi um honrado deus da cozinha no budismo chinês. Ele também era o guardião tradição marcial de Shaolin.
Nem todos os monges gueirros Shaolin vieram do Templo Shaolin. Muitos foram convocados de outros monastérios (mas treinos em artes marciais de Shaolin) sendo muitas vezes agrupados juntos como “verdadeiro” monges Shaolin.

Equipamento

Como monges guerreiros eram muito chamados em grande número ad hoc , eles não possuíam um equipamento padrão. Muitos monges guerreiro utilizavam um Shaolin Gun (少林棍) de ferro no campo de batalha, uma arma que eram familiares. No entanto, certamente não se limitavam a estes bastões, e usavam rapidamente armas como sabres, alabardas, piques, Gou Lian Qiang (鈎鐮鎗) e Tang Ba (钂鈀). Eles também não tinham qualquer escrúpulo em utilizar arcos, bestas, armas de fogo e até mesmo armas incendiárias. Monges guerreiros também lutavam como cavalaria.

Ironicamente, monges guerreiros não parecem ter usado a Pá de Monge (pá meia-lua).

Muitos provavelmente combatiam sem armadura, mas alguns se tornaram conhecidos por utilizarem armadura de bambu em cima de uma armadura de couro.

Organização e Táticas

Monges guerreiros eram poucos em números e normalmente não precisavam de qualquer organização além do nível de pelotão. Eles eram agregados aos exércitos Ming, mas distribuídos em destacamentos independentes apenas de monges sob seu próprio comandante. Contrariamente à estereotipada imagem do monge com kung fu acrobático, monges guerreiros lutavam em formação ordeira.

Monges Shaolin utilizavam uma formação em coluna agressiva conhecida como Chang She Shi Zhi (長蛇之勢 lit. formação serpente longa). Esta consistia em dois piqueiros posicionados na frente, um Gou Lian Qiang entre eles alternando em guerreiros com bastões de ferros e albardas entre estes três, além de uma mistura de tropas com arqueiros, besteiros e armas de fogo que atacavam simultaneamente enquanto os monges armados com Gou Lian Qiang tentavam enganchar as pernas de seus inimigos. Se qualquer inimigo desafortunada caísse pela lança em gancho, seria rapidamente morto pelos bastões de ferro. Enquanto os monges de infantaria engajavam pela frente, monges guerreiros montados tentavam flanquear ou circular eles os inimigos.

Mesmo que estes monges guerreiros normalmente lutassem em formação, ocasionalmente demonstravam um excelente nível de treinamento em artes marciais. Em uma ocasião, um monge Shaolin chamado Yue kong (月空) pulou sobre a cabeça de um Wukou em carga (倭寇: piratas japoneses da costa) da posição sentados, então esmagou seu crânio com um balanço do seu bastão de ferro.

Shaolin contra Ronin

Enquanto os monges guerreiros não recebiam qualquer treinamento militar, seu estilo de vida monástico fizeram com fossem resistentes e disciplinados. Como ascéticos, monges guerreiros geralmente não se interessavam em pilhagens ou buscar recompensas (usualmente eram a maior causa de indisciplina em outros exércitos Ming). A proeza em combate destes monges guerreiros podiam rapidamente se igualar ou superar a de um Wokou. De fatos, monges guerreiros estavam entre os primeiros a conseguir uma vitória após uma longa série de derrotas humilhantes. No entanto, eram poucos em número, não se misturavam com as tropas Ming regulares, não possuíam qualquer opinião em planejamento estratégico, e eram altamente distintos no campo de batalha. Os altamente astutos Wokou rapidamente aprenderam a explorar esta fraqueza, empregando artifícios e emboscadas para contra-atacar eles. Então, os monges guerreiros começaram a sofrer de cada casualidades cada vez maiores, mesmo que tenham vencido a maioria dos encontros com os Wokou.

Enquanto monges guerreiros não estavam em qualquer posição para verdadeiramente abalar a base da incursão dos Wukou, suas vitórias ajudaram o exército Ming a reconquistar confiança, e pavimentaram o caminho para futuros generais Ming como Yu Da You (俞大猷) e Qi Ji Guang (戚繼光) finalmente virarem a maré contra os Wukou.

Wukou era uma congregação multinacional de piratas e contrabandistas que consistiam de chineses, japones, coreanos e até mesmo portugueses. Certamente incluía os Ronin ou ex-Samurai em suas fileiras. Wang Zhi (汪直) que apresentou Tanegashima aos japoneses era um líder Wokou (mais propriamente, a tripulação portuguesa em seu navio apresentou o fecho de mecha aos japoneses). Ele até mesmo situou sua base de operações nas Ilhas Goto.

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